A presença da volatilidade nos investimentos

O valor dos investimentos pode variar ao decorrer do tempo. Um bom exemplo disso é o mercado de ações, onde o preço dos ativos podem experimentar flutuações diárias. Desse modo, os valores podem subir ou descer em menor, ou maior escala e a extensão dessas variações é frequentemente descrita utilizando o termo volatilidade.

Sendo assim, a volatilidade mede o grau de mudança no preço de um ativo durante um período de tempo. Por exemplo, se o investidor possui uma ação que costuma ser bastante consistente, ou seja com pouca variação, a ação é considerada de baixa volatilidade.

Por outro lado, se uma ação possui um preço que muda rapidamente e de forma irregular, ela possui mais volatilidade. Em outras palavras, a alta volatilidade geralmente torna o investimento mais arriscado, que por sua vez tende a aumentar o potencial de ganhos ou perdas para o investidor. 

Como a volatilidade é medida?

A volatilidade do mercado é medida ao encontrar o desvio padrão da mudança do preço do ativo em um determinado período. O conceito estatístico de desvio padrão permite verificar como algo difere de seu valor médio. 

Sendo assim, quanto maior o desvio padrão, mais o valor do portfólio irá se mexer, tanto para baixo quanto para cima. Dessa forma, o desvio padrão é importante, pois ele demonstra o quanto um valor pode mudar, quanto fornece uma estrutura para as chances de isso acontecer. 

Nesse sentido, de acordo com os conceitos estatísticos, em 68% do tempo, os valores estão dentro um desvio padrão em torno da média, enquanto em 95% das vezes estarão em dois desvios e 99,7% eles estarão dentro de três desvios.

O quanto a volatilidade do mercado é normal?

Frequentemente, o mercado encontra períodos de volatilidade mais altos. Como investidor, é necessário se planejar com volatilidade de cerca de 15% dos seus retornos médios em um determinado ano. Em teoria, em grande parte do tempo, o mercado de ações é bastante calmo, intercalado por períodos mais curtos de volatilidade e do mercado acima da média. Desse modo, os preços das ações geralmente não estão oscilando constantemente. 

Como resultado, existem longos períodos de crescimento acentuados, seguidos por curtos períodos de grandes movimentos, tanto para cima quanto para baixo. Esses movimentos distorcem a volatilidade média, de forma mais desproporcional do que realmente seria na maioria das vezes.

Geralmente, um bull market, ou seja, uma tendência de alta do mercado, tende a ser associado a baixa volatilidade, enquanto um bear market, ou seja, tendência de baixa do mercado, é associado a variação de preços imprevisíveis, com movimentos tipicamente de baixa do mercado.

O que é o VIX?

O VIX é conhecido como o “índice do medo”, sendo uma das medidas de volatilidade mais conhecidas do mercado de ações. O VIX mede as expectativas do investidor sobre a movimentação dos preços das ações nos próximos 30 dias, baseados nas opções de negociação do S&P 500, índice formado pelas 500 maiores empresas da NYSE e da NASDAQ. 

Desse modo, o VIX traça quantos investidores esperam que os preços do S&P 500 mude para o próximo mês. Em tese, quanto maior o valor do VIX, mais caras as opções se tornam. 

Para aqueles que desconhecem o uso das opções como instrumentos negociados no mercado financeiro, no geral, representam um tipo de contrato que dá ao seu titular o direito de comprar ou vender um ativo específico, por um valor específico em uma data estipulada no futuro.

Retomando, esse fenômeno pode ser explicado por alguns motivos. Primeiro, as opções de venda (puts) se tornam mais desejáveis e consequentemente caras, conforme a probabilidade do índice S&P declinar. Como resultado, se o S&P 500 cair abaixo do preço das opções de venda, os investidores terão lucro. O aumento do valor destas opções de venda se torna um termômetro dos declínios esperados do mercado.

Importante destacar que, historicamente, o nível normal do VIX é abaixo de 20, significando que o S&P 500 difere de sua taxa média de crescimento em não mais que 20%, na maioria dos casos.

Veja também: Entendendo o mercado de opções

A volatilidade atrelada ao sentimentos dos investidores

Analisar o sentimento do mercado é uma parte essencial na análise de dados financeiros. Os preços dos ativos negociados nos mercados financeiros vão, geralmente, se mover para cima e para baixo diariamente. Isso é um comportamento estocástico do mercado financeiro.

Contudo, apesar desses movimentos de preços, centenas de milhões de investidores em todo o mundo continuam se arriscando no mercado financeiro. Todos eles possuem a esperança de obter retornos futuros. A volatilidade do mercado financeiro é interesse de investidores, visto que altos níveis de volatilidade também podem vir com boas chances de grandes lucros.

Por outro lado, também pode vir com perdas significativas, devido às grandes incertezas presentes. Se a volatilidade é extremamente alta, investidores podem escolher ficar longe dos mercados, com medo de perder seus fundos. No entanto, outros podem se envolver em negociações mais arriscadas, na esperança de obter lucros maiores.

Veja também: Flash crash: Entenda este evento curioso do mercado financeiro

A volatilidade afeta os custos de transação

A volatilidade é incontestável nos investimentos, sendo responsável por guiar e afetar diversas decisões que investidores realizam no mercado financeiro. Geralmente, alta volatilidade implica em um alto risco inerente, que por sua vez,  pode significar grandes oportunidades de recompensas.

No mercado financeiro, o dinheiro é obtido através das variações de preços. Contudo, a alta volatilidade traz também riscos adicionais. Um exemplo disso é a volatilidade que vem seguida por meio da divulgação de um fato relevante relacionado a ativos econômicos.

No mercado de opções, a alta volatilidade tem o efeito de aumentar os prêmios, que são basicamente o custo de um contrato de opção. Isso acontece devido à maior probabilidade que um ativo altamente volátil tem de atingir um preço alvo relevante e, portanto, expirar com preço de exercício inferior ao preço do ativo subjacente. 

Além disso, a volatilidade pode influenciar nas decisões de alocação de capital e rebalanceamento de portfólio. Tipicamente, ativos menos voláteis serão alocados em maior proporção em detrimento de ativos mais voláteis. 

Ativos voláteis também podem distorcer o desempenho de um portfólio, o que pode levar os investidores a realizarem mudanças dentro do portfólio, com o intuito de alcançar certa estabilidade.

Conclusão

Entender como funciona a volatilidade significa entender o funcionamento de um dos pilares do mercado financeiro. A verdade é que, aqueles que operam no mercado de renda variável devem entender que a volatilidade é algo normal, devido aos diversos fatores relacionados a estes ativos.

Em suma, isso mostra o quanto a volatilidade está presente, podendo ser até mesmo uma aliada de investidores mais experientes, tendo em vista que pode ser apresentar boas chances de gerar lucro no mercado financeiro.

Veja também: Fundos quantitativos: União da tecnologia com o mercado financeiro

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