Petrobras corre o risco de desabastecimento de combustíveis em novembro

À medida que os custos de energia empurram a inflação ao consumidor para dois dígitos, a Petrobras se tornou um dos tópicos mais quentes no cenário político brasileiro. Nas últimas semanas, o presidente Jair Bolsonaro disse estar inclinado a privatizar a Petrobras, afirmando que discutirá a ideia com seus assessores econômicos.

No entanto, apesar das pretensões do presidente, a principal petrolífera do Brasil parece estar encontrando dificuldades no abastecimento, tanto pela produção quanto pelos combustíveis importados pelas distribuidoras, que parece não ser suficiente para atender a demanda interna.

Como resultado, o plano de desinvestimento da empresa é novamente prejudicado pelo agravamento da crise doméstica de preços dos combustíveis, que mais uma vez levanta preocupações sobre a intervenção do governo em detrimento da tomada de decisões da empresa.

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Petrobras com dificuldade de atender demanda 

Recentemente, a Petrobras informou haver recebido pedidos muito maiores do que os dos meses anteriores. Como resultado, a empresa estava preocupada em não conseguir atender à “demanda atípica” das distribuidoras de combustíveis em novembro, que ultrapassou sua capacidade de produção e gerou preocupação com a escassez no país.

No entanto, segundo as distribuidoras, a Petrobras já está implementando cotas para o fornecimento de gasolina e óleo diesel para o mês de novembro. O caso foi encaminhado para à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Em nota a ANP afirmou que, por enquanto, não há nenhuma possibilidade de desabastecimento de combustíveis no mercado nacional. Além disso, a ANP informou que segue realizando o monitoramento da cadeia de abastecimento e adotará, caso necessário, as providências cabíveis para mitigar desvios e reduzir riscos.

Em contraponto, segundo a Associação das Distribuidoras de Combustíveis – Brasilcom, o volume da Petrobras, em alguns casos, chegou a mais de 50% do volume encomendado, expondo o Brasil ao risco de uma potencial escassez de combustível. A Brasilcom acrescentou que as empresas locais não podem comprar combustível no exterior porque os preços no mercado internacional são “muito mais elevados do que os do Brasil”.

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Resposta da Petrobras 

Em resposta, a Petrobras afirmou que além de buscar maximizar a produção e as entregas, continua cumprindo seus contratos com as distribuidoras de combustíveis conforme os prazos acordados. A empresa ainda acrescentou que operou suas refinarias com capacidade de 90% em outubro, ante 79% no primeiro semestre de 2021.

Além disso, a Petrobras informou que, em comparação com novembro de 2019, antes da pandemia de COVID-19, a demanda por diesel das distribuidoras de combustíveis aumentou 20%, enquanto a demanda por gasolina aumentou 10% no mesmo período, que por sua vez, significa uma demanda fora do comum, tanto em volume quanto em entrega.

Em suma, enquanto essa problemática não se resolve, segundo dados da Administração Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, só neste ano, o acúmulo de gasolina chega a 57,3%. O gás de cozinha aumentou ainda mais, com um aumento acumulado de 90% desde março, onde em algumas áreas já se encontra na faixa dos R$130.

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