Conheça a Evergrande e como ela pode instaurar uma crise

Nos últimos, o noticiário internacional tem ficado atordoado por conta de notícias envolvendo a incorporadora chinesa, Evergrande. Como sabemos, e economia chinesa, hoje, possui reflexo sobre todo o mercado internacional. Se tratando de uma gigante chinesa, com enorme cadeia de suprimentos, o risco de calote assusta todo o mercado financeiro.

Dessa forma, nesse artigo iremos explicar um pouco sobre quem é a Evergrande e como ela se tornou uma empresa desta proporção. Também iremos explicar o motivo pelo qual o mercado internacional tanto temo o risco de calote por parte da empresa. Acompanhe conosco esse artigo e fica a par deste fato!

Veja também: Bancos americanos aderem Bitcoin enquanto China fecha o cerco

Quem é a Evergrande?

Evergrande

A Evergrande é a segunda maior empresa do mercado chinês. Para efeito de comparação, ela faz parte da lista Global 500, da revista Fortune. Lá, estão listadas as empresas que possuem as maiores receitas do mundo. Ela foi fundada em 1995, sendo originalmente intitulada de Grupo Hengda, localizada na cidade de Guangzhou.

Nesse sentido, seu fundador, Xu Jiayin, já foi conhecido como o homem mais rico da China. Contudo, hoje, encontra-se na posição 10 entre os maiores bilionários chineses. A ascensão da empresa está atrelada ao ritmo de crescimento da própria China. Entre 2000 e 2010, a empresa mantinha crescimento na faixa de dois dígitos.

Dessa forma, como a China se tornou um imenso canteiro de obras, a empresa realizou diversos lançamentos imobiliários. Com a urbanização chinesa e o alto crescimento da Evergrande, esta passou a se arriscar em outros mercados. Entre eles, chegou a comprar o clube de futebol Guangzhou Football Club, em 2010.

Além disso, a empresa investiu bilhões em carros elétricos e parques temáticos. Também entrou no ramo de seguros, onde comprou uma parte de um banco. Com o mercado aquecido, a Evergrande chegou a ser considerada a maior incorporadora do mundo em 2018.

Custos de crescimento

Contudo, tamanho crescimento não foi realizado exclusivamente com o caixa da empresa. Para viabilizar projetos, a empresa necessitou recorrer a financiamentos junto a instituições financeiras. A ideia era que, gradualmente, os recebimentos caíssem no caixa da empresa conforme os projetos fossem sendo entregues.

Nesse sentido, é correto afirmar que a empresa viabilizou grande parte de sua grande expansão através de financiamentos. Mas esse comprometimento de caixa e uma crise mundial inesperada causada pela pandemia, comprometeu as receitas da empresa.

Restrições da China

Além da crise imposta pela pandemia, uma outra situação agravou a situação da Evergrande.  Em abril deste ano, a China colocou em prática a política chama de “Três Linhas Vermelhas”. Esta, atingiu principalmente o setor imobiliário chinês. A principal crítica do governo, ao adotar essa política, é que “casas são construídas para viver, não para especulação”.

Dessa forma, a política busca controlar o crédito ao impor restrições ao setor imobiliário. Com isso, a China quer evitar que o mercado de imóveis impulsione o crescimento econômico através de especulações.

Sendo assim, o país impôs que, no máximo, as empresas possuam 70% de passivos em relação aos ativos. Além disso, as dívidas líquidas estão limitadas a 100% do patrimônio líquido e liquidez superior às obrigações de curto prazo.

Lembranças de um passado recente

Com um passivo na casa dos US$300 bilhões, a dívida trouxe a tona a crise mundial de 2008, onde o setor imobiliário americano colapsou, tendo início com o banco Lehmann Brothers. Dessa forma, as restrições do governo chinês obrigam a Evergrande a tomar medidas para reduzir a dívida.

Nesse sentido, com a piora das condições de liquidez de diversas incorporadoras chinesas devido à queda na venda de imóveis, diversas agências chinesas de avaliação de crédito rebaixaram os ratings de empresas do setor, inclusive da Evergrande.

Segundo informações recentes da própria Evergrande, havia um plano para cortar US$100 bilhões da dívida até meados de 2023. Contudo, até agosto desse ano, apenas US$8 bilhões haviam sido pagos. Dessa forma, algumas empresas de classificação, como a Fitch, já dizem que é provável que o risco de calote aconteça.

Efeitos da queda

Segundo Luís Sales, estrategista-chefe da Guide Investimentos. O mercado imobiliário corresponde a cerca de 7% do PIB chinês. Se considerar fornecedores indiretos, chega a 25%, sendo umas das máquinas de crescimento da China e de mercados globais.

Além disso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) havia projetado alta de 8,1% do PIB chinês em 2021. Contudo, após essas restrições ao mercado imobiliário e o caso da Evergrande, este número já está sendo questionado. Também deve afetar toda a cadeia global, visto que diversos países abastecem o mercado chinês, inclusive o Brasil.

Nesse sentido, a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Inclusive, em plena pandemia, a balança comercial brasileira obteve superavit onde a China teve grande parte em participação. Com isso, as preocupações dos desdobramentos do governo chinês em relação à crise instaurado no setor imobiliário devem ser acompanhadas de perto pelo Brasil.

Veja também: Crise de confiança afasta investidores do Brasil

Setor de criptoativos

O caso da Evergrande vem abalando até mesmo o setor de criptoativos. Existem alguns temores, que surgiram na última semana, que a Thether (USDT), a maior stablecoin do mundo, com capitalização de mais de US$ 69 bilhões, poderia ter o ativo da empresa como lastro de seu criptoativo.

Contudo, a própria Tether tratou de realizar esclarecimentos. Segundo a empresa, ela não possui nenhum papel comercial e qualquer título de dívida da Evergrande. Ainda assim, houve um sellof nas bolsas globais na abertura de mercado desta semana. 

Conclusão

O caso da Evergrande e do setor imobiliário chinês é de grande preocupação. O governo chinês está em uma situação em que concede ressalvas ao setor imobiliário para não quebrar. Ou, então, mantém sua posição, que pode levar o país e todo o mercado global a uma crise devido ao risco de calote.

Dessa forma, países que possuem a China como parceiro de comercial, possui grande preocupação. A bolsa de valores brasileira reagiu mal neste início da semana em relação as notícias vindas da China. Nesta segunda-feira, operou em forte queda, assim como diversas bolsas ao redor do mundo. 

Além disso, importantes instituições financeiras ao redor do mundo possuem posições em mercados emergentes. Com isso, o momento é de cautela para investimentos e o cenário econômico. A atuação do governo chinês será fundamental para sabermos qual o sentido do desfecho da crise.

Veja também: A Crise hídrica e seus impactos na bolsa

Total
0
Shares
Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Related Posts