O que esperar para inflação em 2022?

Em 2021 tivemos perdas consideráveis na bolsa, principalmente no setor de varejo, onde a magazine luiza (mglu3), a queridinha dos investidores, chegou a cair mais de 70% no período. O que surpreende é que um ano antes, as ações desse setor vinham performando bem e liderando os lucros da bolsa.

Essa mudança brusca ocorreu, pois, 2021 ficou marcado pelo rompimento do ciclo de baixa de juros, que saiu de sua mínima histórica de 2% chegando aos atuais 9,25% ao ano, essa alta está fortemente relacionada aos aumentos consecutivos das expectativas de inflação que foram ocorrendo ao longo do ano.

Focus: Previsões para 2022

Segundo o boletim divulgado pelo Bacen (Banco Central), a previsão é de que a inflação em 2022 fique em 5%, bem abaixo dos 10,74% acumulados nos últimos 12 meses de 2021. Além disso, o relatório do Banco Central acredita que a Selic deve fechar o ano em 11,5%.

Nesse sentido, o remédio amargo do aumento da taxa Selic deve impactar na redução de consumo, dado que com o crédito mais caro, o investidor acaba preferindo poupar. Além disso, outro fator que ajuda a sustentar essa previsão é a forte oferta esperada por parte do setor agrícola, visto que 2022 promete ser um ano de boa safra e baixo crescimento internacional.

Por fim, o dólar segue sendo projetado a 5,60R$ e o PIB projetado também é bastante fraco (0,36%), isso se deve ao contexto internacional e ao próprio custo de crédito que passou a ficar alto com as seguidas subidas de juros por parte da autoridade monetária.

Veja também: Percepção de risco para economia aumentando, é hora de voltar para renda fixa?

Uma inflação provocada por fatores atípicos

Diferente do que costuma acontecer, onde o avanço da inflação ocorre pelo consumo desenfreado, 2021 ficou marcado pelo avanço da inflação no mundo, devido à escassez de oferta. Nesse sentido, essa escassez de oferta ocorreu fundamentalmente por setores que foram impactados pela pandemia.

Com isso, o avanço da inflação aparece em um cenário de economia fraca aonde estímulos deveriam ser realizados. Com a redução de medidas restritivas, houve alguns sinais de melhora e redução na taxa de desemprego que passou de 14,9% em 2020 para 12,6% no final de 2021. Contudo, isso ainda representa 13,5 milhões de brasileiros desempregados.

Como a economia se comportará em 2022 e os impactos na inflação

Como visto no mais recente relatório Focus divulgado pelo Banco Central, a previsão para o (PIB) passou de 0,42% na semana passada para 0,36%. O cenário aparentemente será bastante desafiador.

Além disso, ainda que a inflação projetada seja metade da realizada em 2021, a previsão é de que ela permaneça em patamares elevados e o poder de compra das famílias brasileiras em geral, seja menor ainda do que o obtido no ano anterior.

Inflação elevada e renda menor são problemas que 2021 está entregando para 2022. Nesse sentido, o aperto monetário promovido pelo Banco Central significa crédito mais caro, menor liquidez nos mercados e desestímulo ao crescimento. Isso tudo em um ano que promete ser complicado por questões eleitorais.

Incertezas em um ano eleitoral

Como bem sabemos, o que mais assusta o mercado como um todo, são as incertezas. Com isso, é provável que o país passe por bastante turbulência, pelo menos até que fique mais ou menos claro como deve ficar o cenário eleitoral.

Toda essa situação envolvendo os candidatos a presidente e também aos governos estaduais deve deixar o mercado bastante nervoso, o que deve refletir também no dólar que em 2022 pode apresentar maior volatilidade em relação ao real.

Veja também: Com a nova alta da Selic, cálculo de referência da poupança passa por alterações

O que pode desacelerar a inflação

Como vimos, o crédito está mais caro. Com os juros elevados o consumo fica prejudicado, dificultando contrair empréstimos, por exemplo. Além disso, a renda fixa tem se tornado interessante, o que estimula a poupança ao invés de gastos.

Com as taxas de juros lá em cima, investidores estrangeiros podem se interessar em ganhar uma grana por aqui. Dado que com esse patamar de juros, dá para se obter ganhos interessantes quando se comparado aos títulos do tesouro americano.

Em outras palavras, os juros alto deve conter um dos vilões da forte inflação a medida que evita fortes picos de alta da moeda americana. Com isso, os combustíveis que estão fortemente correlacionados com a moeda estrangeira não sofrem aumentos expressivos pela variação cambial.

O que pode impactar negativamente a inflação

Ainda que o cambio não se torne um vilão quando o assunto é inflação. O preço do barril de petróleo pode se tornar. Ou seja, se a cotação do Barril subir bem e ajustar os preços dos combustíveis para cima, o impacto deve ser forte na inflação.

Além disso, ainda que improvável não podemos descartar a hipótese de novos picos de aumento na moeda estrangeira, caso o dólar volte a se aproximar da casa dos 6 R$. Essa cotação poderia impactar os preços em geral, devido a forte correlação do dólar com os mais diversos produtos da nossa economia.

Conclusão

O Cenário previsto para 2022 de fato não é animador. Nesse sentido, ainda que o mercado esteja prevendo uma inflação menor para esse ano, a queda no poder de consumo da população aliado a baixa expectativa de crescimento do PIB, sugerem que deve ser de fato um ano bastante complicado.

Além disso, o que já não era bom, pode piorar, em um cenário de ano eleitoral cada vez mais provavelmente pautado pelos discursos radicais, as incertezas promovidas pelo cenário político, podem piorar o cenário econômico no curto prazo. O que exige, ainda mais cautela por parte do investidor.

Por fim caro investidor, é preciso estar mais atento do que nunca, ainda que as expectativas não sejam tão ruins, é importante lembrar, que estamos em um ano de contexto político eleitoral bem complicado, uma possível nova onda de covid pode ocorrer, o melhor é continuar acompanhando com cautela, afinal tudo pode acontecer.

Veja também: Com Selic em alta, o que ocorre com o financiamento imobiliário?

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