O que são fundos multimercado e quais são os principais tipos?

Fundos de investimento podem ser uma excelente opção para pessoas que não querem reservar um tempo de suas vidas estudando as melhores possibilidades do mercado financeiro dentro do setor ao qual considera importante, e de acordo com seu perfil.

Dessa forma, fundos de investimento hoje têm uma gama de possibilidades nos diferentes setores, alguns com maiores riscos, principalmente na renda variável, que exige um pouco mais de acompanhamento de perto das atualizações e das mudanças no cenário político e econômico.

Apesar disso, contextos históricos da economia brasileira podem se diferenciar bastante, de modo que a forma com que se enxerga os investimentos também acaba mudando de tempos em tempos. Em um cenário de juros mais altos, por exemplo, o brasileiro se acostumou a conseguir bons rendimentos na renda fixa.

Hoje, com uma taxa Selic baixa, acaba trazendo muitas pessoas para a renda variável, para tentar conseguir uma rentabilidade um pouco mais generosa e atrativa. Porém, assim como surge o conceito dos fundos de investimento, também surge a dúvida de qual ativo investir de acordo com o contexto atual que estamos vivendo.

E se o cenário mudar novamente, será que não seria interessante mudar o ativo que se está investindo novamente? Qual a possibilidade que temos, se não se tem um conhecimento suficiente para ficar diversificando os investimentos de forma autônoma e segura?

Nessas perguntas que surgem aos investidores, é que aparece a possibilidade de que os fundos multimercado ganhassem cada vez mais força dentro do mundo dos investimentos e tomem conta de grande parte da parcela de fundos de investimento existentes no Brasil.

O que são fundos multimercado?

Os fundos multimercado são uma alternativa muito interessante para quem quer investir de forma diversificada entre as mais diversas maneiras de se colocar dinheiro em ativos, seja na renda fixa, renda variável, câmbio e outros.

O fato é que nem todo mundo acaba tendo tempo hábil e nem vontade própria para aprender a investir sozinho. Isso demanda tempo e muito esforço durante um período para construir uma bagagem teórica e também prática sobre os mais diversos assuntos nesse meio.

Um fundo multimercado nada mais é do que um tipo de fundo de investimento em que o gestor responsável tem a liberdade para investir em qualquer classe de ativo e também na proporção que julgar correta, apesar de alguns deles terem algumas particularidades pontuais nesses quesitos.

Para você entender melhor essa diferenciação em relação aos fundos de renda fixa e de renda variável também, a ideia é bem simples: Nos fundos de renda fixa, o gestor é obrigado por regra do mercado a colocar pelo menos 80% do dinheiro do fundo em ativos de renda fixa.

Nos fundos de ações, essa escala se dá de forma que pelo menos 67% do dinheiro dos fundos deve estar atrelado a investimentos em ativos de renda variável, e o único que não possui especificações a respeito disso em via de regra é o fundo multimercado.

O que acontece no final das contas é que o próprio gestor pode mostrar uma preferência ou algum tipo de estratégia, que pode pender para o lado de investir uma parte maior em determinado tipo de ativo, em detrimento a outros gestores, e assim, o investidor pode escolher algum tipo de gestor um pouco mais arrojado ou mais conservador, dependendo do que procura.

É um tipo de fundo gerido de maneira ativa, ou seja, o gestor pode escolher a melhor forma com a qual vai escolher os ativos, segundo sua estratégia de investimento, analisando o momento que se vive no país.

Quais os cuidados na hora de investir em um fundo multimercado?

Nesse caso, é muito importante entender primeiramente que em qualquer fundo que você está investindo, você não está necessariamente colocando dinheiro em ativos, mas sim investindo na capacidade do gestor que você escolheu.

Afinal, independente do tipo de ativo que o gestor nesse caso vai adotar em relação a escolha para investir, ele vai com toda certeza ter uma rentabilidade diferente de outro gestor. 

Por sua vez, dois gestores podem ter diferenças de performance em seus fundos de forma muito discrepante entre si, o que confirma nossa tese de que o investimento aqui é na verdade na inteligência e capacidade de investimento do seu gestor e não os ativos em si.

Desse modo, gestores competentes podem ter inclusive boas performances mesmo em momentos de crise, ao passo que escolher um gestor de forma equivocada pode trazer ainda mais prejuízo do que necessariamente se você tivesse investido por conta própria, sem tanto conhecimento de mercado.

No caso dos fundos multimercado, o risco e a rentabilidade são fatores muito mais variáveis de um fundo a outro, porque além de depender do talento do gestor para administrar e alocar os recursos de maneira correta, eles ainda vão depender também de questões importantes como a estratégia utilizada pelo gestor, o quanto ele está colocando de dinheiro em cada um dos ativos, além de variar numa conduta mais arrojada ou estratégica.

O fato é que, em via de regra, quanto maior a rentabilidade que o gestor está buscando em seus investimentos, mais propenso a correr riscos ele estará, o que pode também trazer a possibilidade de que os ativos venham a cair de preço, e você ao invés de ganhar dinheiro, poderá sair no prejuízo, afinal, você também está assumindo a chance disso acontecer.

É preciso primeiramente entender qual é o seu objetivo e perfil de investidor, para só depois escolher um gestor que tenha características parecidas de investimento. Não adianta apenas você colocar muito dinheiro em um gestor que tem boas performances, sem saber dos riscos que ele está se colocando e se você está disposto a correr isso junto a ele.

Afinal, o gestor faz o papel de substituir você nos investimentos, ao passo que ele vai receber uma parte dos seus investimentos através das taxas que você terá que pagar. Uma delas, por exemplo, é a taxa de administração que é paga ao fundo de investimento em si. Esta sempre será paga independente do fundo que se está investindo.

O que pode acontecer também é a necessidade de pagamento de uma taxa de performance, ao qual o gestor vai receber um bônus, caso ele atinja certos objetivos de boas performances de seu fundo gerido acima de um certo nível, de acordo com a divisões de graus de resultados que aquele fundo pode ter, de forma pré-estabelecida entre o gestor e os colaboradores do fundo, de acordo com um nivelamento de referência.

Desse modo, os fundos multimercado acabam tendo uma complexidade maior, sendo assim, mesmo que você não precise ter conhecimento pleno do mercado a ponto de escolher seus ativos sozinho, afinal, é para isso que você escolhe um gestor, ainda há a necessidade de se entender o básico de como funciona o mercado financeiro como um todo e os ativos que você está se expondo.

E é por isso, que investidores muito iniciantes não devem de cara contatar algum gestor para investir seu dinheiro sem antes entender pelo menos onde que o seu capital tem possibilidade de estar investido e como funciona cada um deles.

Tipos de fundos multimercado

Os fundos multimercado podem ser classificados nos mais variados tipos, dentro dos quais vamos citar aqui os 10 principais tipos de fundos multimercado que encontramos com a possibilidade de investir no Brasil, são eles:

Fundos livres: O gestor nesse caso é totalmente livre em seus investimentos, sem necessariamente seguir alguma estratégia conhecida de forma antecipada ou então a proporção dos ativos que vai gerir.

Fundos dinâmicos: Revelam de certa forma a estratégia com a qual trabalha o gestor em seus investimentos, porém não se faz uma pré-determinação de qual proporção de cada um dos ativos o gestor vai trabalhar.

Fundos balanceados: Nesse tipo de fundo, os ativos que serão investidos pelo gestor e a quantidade de cada um deles é pré-determinada, ou seja, você tem um controle um pouco maior de onde o seu dinheiro está indo conforme o gestor faz as operações. Sendo assim, nesse caso não é permitido nenhum tipo de alavancagem por parte do gestor, enquanto nos anteriores isso é permitido.

Fundos de proteção: Nesse caso, a intenção do gestor é mais voltada em investir em ativos de proteção de capital do que necessariamente trazer uma grande rentabilidade, mas nada impede que esse tipo de fundo também traga excelentes lucros para quem investe nele.

Fundos ligados a moedas ou juros: Estão mais relacionados nesse caso a renda fixa e não se expõem a renda variável, desse modo, se comportam com exposição de rentabilidade a juros, além das variações de câmbio e moedas estrangeiras.

Fundos Macro: Ele faz seu gerenciamento de forma a acompanhar o mercado macroeconômico, sendo assim, o câmbio é um fator que acaba entrando aqui como algo além da renda fixa e variável, mas que não exclui estes. O diferencial aqui é trabalhar com os acontecimentos da economia e política do país em curto, médio ou longo prazo.

Fundos de Trading: Nesse caso, o objetivo do gestor trader é rentabilizar e buscar ganhos de maneira mais rápida e de curto prazo, de modo que os ativos que ele se expõem também são bastante variados, mas seu diferencial é a maneira que opera e também a velocidade com que se busca os lucros.

Fundos de investimento no exterior: Nesse caso, o objetivo maior é expor o dinheiro em ativos estrangeiros, sendo assim, este apresenta uma regra específica que obriga o gestor a colocar pelo menos 40% do dinheiro total do fundo em ativos de fora do país.

Fundos Long and Short: Também se utiliza da renda variável como principal fundamento, mas este tipo de gestor vai se aproveitar das oportunidades de ganhar em todos os momentos do mercado, já que os ativos que ele pensa que vão valorizar ele opera comprando os mesmos, já em ativos ou cenários desfavoráveis da economia e mercado, ele vai operar vendido, esperando lucrar com a queda dos mesmos.

Esse tipo de fundo pode ser mais direcional para algum cenário econômico mais positivo ou negativo, ou então pode ser neutro, e aí nesse caso os ativos serão investidos em quantidades parecidas, tanto nos comprados quanto nos de posição vendida, porém o gestor pode levantar lucros com os ativos que mais forem favoráveis na alta (comprados) e na queda (vendidos), estando com peso maior na carteira que os demais.

Tratando um pouco agora sobre os fundos de investimento que são mais escolhidos pelos grandes investidores, temos algumas questões fundamentais a serem tratadas. É preciso entender que existe uma variedade gigante de fundos multimercados, e estes vão mudando de posição nos rankings de procura depois de um tempo.

Até o final de 2019, já eram mais de 9 mil fundos multimercados diferentes, o que corresponde a quase metade de todos os fundos de investimento existentes dentro do Brasil, o que mostra ser o tipo de fundo mais presente no mercado nacional.

Segundo uma pesquisa realizada em 2019 pelo Big Data SmartBrain, a carteira dos grandes investidores que são assessorados por agentes independentes totalizaram algo em torno de 40% de fundos multimercado presentes.

A tabela a seguir mostra quais são os fundos multimercados abertos que mais foram aderidos e investidos por esses grandes investidores, levando em conta dados de outubro de 2019, segundo o próprio Big Data SmartBrain, acompanhado de seu rendimento na época:

Apesar de algumas mudanças pontuais, alguns dessa lista acabam permanecendo entre os mais utilizados até os dias de hoje, cerca de 1 ano depois. Apesar disso, é importante ressaltar que nessa época, o mês anterior (setembro) acabou mostrando as 3 primeiras posições de forma semelhante, com o Canvas Classic II FC FI Mult liderando o ranking, mostrando que a preferência por eles não muda de forma tão rápida assim.

Conclusão

Os fundos multimercado são um importante tipo de fundos de investimento muito utilizados no mercado brasileiro, conseguindo atingir cerca de metade do total de todos os fundos disponíveis para investir seu dinheiro aqui no Brasil.

É muito procurado por conta de sua versatilidade e possibilidade de diversificar seus investimentos de forma inteligente, dependendo muito mais do talento e da capacidade de seu gestor escolhido para investir, do que propriamente o seu conhecimento aprofundado em ativos.

Obviamente que para escolher um bom gestor, é preciso ter um conhecimento básico sobre mercado financeiro, afinal, só assim é possível se autoavaliar nas questões de qual perfil de investidor é o mais adequado para si e a partir daí, combinar essas características com gestor que você vai confiar seu dinheiro.

É preciso entender todas as particularidades dos fundos multimercado ao qual se está investindo, já que atualmente eles se distribuem nas mais variadas formas de expor aos ativos, podendo diferenciar-se em relação aos riscos de investimentos, estratégias, cenário nacional ou internacional, tipos de ativos e uma infinidade de outros fatores importantes.

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