O impacto econômico do COVID-19 será sentido ‘por um longo tempo’, mesmo com Vacina pronta em 2020

Adaptado do Business Insider

O economista Raghuram Rajan alertou que o grande impacto econômico do COVID-19 será sentido “por muito tempo”, apesar da chegada de uma vacina aprovada e testada.

“Acho que ainda sentiremos o golpe por muito tempo”, disse o ex-governador do banco central da Índia e economista-chefe do FMI no “Street Signs Asia” da CNBC na quarta-feira (22/jul).

O impacto econômico é inevitável, mesmo que qualquer uma das várias vacinas promissoras atualmente em desenvolvimento seja aprovada e lançada já no quarto trimestre do ano, disse Rajan.

“Você precisa vacinar muitas pessoas. Portanto, as pessoas mais velhas se sentirão seguras ao entrar em restaurantes lotados, e isso provavelmente acontecerá no meio do próximo ano”.

Seus comentários vêm em meio a desenvolvimentos recentes de dados promissores de ensaios de vacinas contra o coronavírus que ajudaram a impulsionar o sentimento do mercado nesta semana.

Impacto econômico da COVID ainda será conhecido na totalidade

Até o momento, os programas de vacinas para testes em humanos liderados pela AstraZeneca, Moderna e Pfizer têm sido bem-sucedidos na geração de respostas imunes de voluntários saudáveis. 

No entanto, mesmo os países que conseguiram conter o vírus podem esperar operar apenas com uma economia em 95% da capacidade até que haja maior confiança nas pessoas e na reabertura de pequenas empresas, de acordo com Rajan, professor da Universidade de Chicago. 

“À medida que isso acontece, mais e mais empresas descobrem que um longo período sem receita, mas alto custo, implica que elas simplesmente não têm chance e estão fechando”, disse ele, acrescentando que, diante disso, as economias ainda vão sofrer com desemprego.

Para controlar os efeitos da crise, ele sugeriu que os governos devem oferecer um estímulo direcionado a proteger trabalhadores e empresas no curto prazo, dando um apoio mais prolongado a setores impactados.

O aumento das políticas protecionistas atrasará ainda mais a recuperação econômica, e grande parte desse dano ocorrerá nos países mais dependentes das exportações de commodities, disse ele.

O coronavírus já infectou mais de 15 milhões de pessoas em todo o mundo e matou mais de 615 mil, de acordo com dados da Johns Hopkins School of Medicine.

Recuperação em “V de Nike”, V ou U?

Evidentemente, alguns países se recuperarão mais rápido que os outros. Isso vai depender de como cada país conseguiu lidar com a questão da pandemia. Quem conseguiu controlar bem o crescimento da curva, achatando o número de casos e mortos, vai ter mais facilidade para recuperar a economia.

Na Europa, a maioria das atividades já está retornando. Países como Itália e Alemanha conseguiram contornar bem a situação. A Suécia foi outro país que conseguiu lidar bem com o achatamento da sua curva. Em todos esses países, devemos ter uma recuperação em “V”.

Histórico recente de casos de Covid-19 na Alemanha

impacto econômico covid

No Brasil, todas as medidas adotadas até então foram um desastre completo. Fomos incapazes de achatar a curva, implementar medidas, construímos hospitais de campanha que se mostraram ineficientes. 

Aqui, foi feito o pior tipo de quarentena: prolongada e sem rigor. Hoje, a população não demonstra mais vontade de ficar em casa.

Histórico recente de casos de Covid-19 no Brasil

número de casos brasil

Países que seguiram esse exemplo devem ter a recuperação em “V de Nike”: bem lenta e demorada. 

Por outro lado, as bolsas seguem se descolando do que conhecemos como “economia real”. O mercado de ações global praticamente já se recuperou do tombo de março, quando o medo tomou conta dos investidores após a OMS declarar que o Coronavírus era uma pandemia.

Essa crise econômica vai piorar os fundamentos financeiros de empresas sensíveis a choques externos. Se o preço delas se mantiver o mesmo ou até subir, isso será um sinal claro de que o mercado está aceitando pagar mais caro em ações mesmo com piora nos fundamentos, o que é reflexo de uma taxa de juros baixíssima na Europa, EUA, Ásia e Brasil.

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