Entenda seu apetite e capacidade de correr risco

Ano passado, nós investidores tivemos nossa tolerância a risco arduamente testada durante os momentos de pânico com o surgimento no mundo da covid-19. Grandes quedas provocaram seguidos circuit breakers e fizeram muitos de nós testarmos os nossos limites.

Uma boa parte não conseguiu suportar tamanha volatilidade, e eventuais prejuízos que seriam apenas momentâneos devido ao stress causado pelo medo, acabaram se consolidando como perdas. Dessa forma, será mesmo caro leitor, que você está preparado para aguentar os possíveis altos e baixos da Bolsa?

Sua tolerância ao risco e o resultado da API

Antes de investir, respondemos a um questionário chamado API ou em outras palavras, análise do perfil do investidor. API é um mecanismo que enquadra o investidor supostamente a sua “tolerância” em correr riscos. Nesse sentido a API possui três classificações importantes:

Conservador: Esse investidor prioriza a segurança como ponto fundamental na sua tomada de decisão para aplicações. O ideal para esse tipo de investidor, é aplicar a maior parte de seus recursos em produtos de baixo risco, como os mais variados produtos de renda fixa.

Além disso, uma pequena parcela de seus recursos, pode sim, ser aplicada em produtos com diferentes níveis de risco, com objetivo de assim atingir bons ganhos no longo prazo.

Moderado: Esse investidor aceita um pouco mais de risco, para ele a diversificação faz bastante sentido. Dado que ainda que mais agressivo que o anterior, ele não abre mão de um bom nível de segurança, mas busca possibilidades de investimentos mais arriscados para bons ganhos no longo prazo.

Arrojado: Esse investidor é mais agressivo e busca ganhos maiores, para isso, entretanto, aceita corre muito mais riscos. Contudo, por medida de segurança, é indicado para este investidor também, incluir uma parte de seus investimentos em produtos de baixo risco

Esses são 3 dos mais comuns resultados esperados após o preenchimento de um formulário do tipo. Contudo, a verdade é que independente do resultado retornado para você. Somente o frio na barriga te diz a sua real capacidade em correr riscos.

O que é o risco para o investidor

Basicamente no sentido mais puro da palavra, risco é qualquer evento relacionado com a capacidade ou não de um objetivo ser atingido. Em outras palavras, é a probabilidade de um evento x ocorrer, sendo uma ameaça, caso seja um evento negativo, ou uma oportunidade se estivermos falando sobre eventos positivos.

Nesse sentido, no mercado financeiro o risco está atrelado à chance de perder ou ganhar dinheiro. Com isso, o risco consiste na possibilidade de um retorno esperado se concretizar ou não.

Além disso, quanto maior a incerteza relacionada a um dado investimento, maior será seu risco, ou seja, maior será a possibilidade de grandes retornos ou grandes perdas.

Categorias de riscos

Importante ressaltar aqui os diferentes tipos de risco existentes. No mercado financeiro há alguns riscos que afetam o sistema como um todo e o chamamos de risco sistêmico.

Um bom exemplo disso, foi o próprio ocorrido ano passado com a chegada da covid-19. Contudo, há também os riscos não sistêmicos que podem impactar de forma negativa nas expectativas do investidor.

Risco de Mercado

Diz respeito à possibilidade de se perder dinheiro diante das oscilações que ocorrem no mercado. Risco muito comum nas aplicações de renda variável e foco desse artigo.

Risco de Crédito

Esse risco está mais atrelado a um evento de não pagamento. Nesse sentido, seria o risco de inadimplência, seja por falência da companhia ou simplesmente por calote dos devedores.

Risco de Liquidez

Trata-se da impossibilidade de se vender um ativo por falta de procura ou oferta no mercado, um bom exemplo de ativo com baixa liquidez, são imóveis. Estes podem demorar um bom tempo para serem vendidos por seu valor “justo”.

Diferença entre aversão a perda e a tolerância na tomada de riscos

Existe um viés psicológico que nos leva a vender com facilidade ativos que estão nos dando ganhos. Enquanto temos dificuldades em vender ativos que estão nos dando prejuízo. Ou seja, esse comportamento na hora de investir amplamente estudados por Daniel Kahneman e Amos Tversky nos mostra o seguinte.

O que ocorre é que temos aversão à perda, não exatamente ao risco e daí a importância em entender as diferenças sobre o que é realmente a tolerância ao risco e o que é um mau comportamento que pode ser explicado por fatores psicológicos.

Diferença entre a tolerância e a capacidade de correr riscos

Dessa forma, é importante reconhecer e compreender a diferença entre tolerância e capacidade de correr riscos. Quem não compreendeu nem um, nem outro, pode já ter se dado bastante mal nos mercados.

Quando se fala em tolerância ao risco, muitos investidores forçam a barra e juram que aguentam grandes oscilações no mercado de renda variável. Como se fosse um ato de coragem a ser exposto com orgulho.

Afinal se a aversão ao risco for vista pelo indivíduo como uma forma de fraqueza, ser agressivo se torna um ato de coragem e, no fundo, todos desejam se mostrar como corajosos.

No entanto, há de se lembrar caro investidor, que rentabilidade e risco estão diretamente interligados. Em outras palavras, quanto maior for o desejo de se ganhar dinheiro, maior o risco corrido de se perder o que tem.

Com isso, parece bastante fácil assumir uma postura da qual não se conhece. Nesse sentido, a prática é realmente o que determina essa tolerância.

Se a tolerância é o resultado de conhecimento prático e não o resultado de questionários de corretoras, então como avaliar a capacidade de risco?

Nesse caso é até relativamente simples, a capacidade de risco está atrelada a capacidade financeira que o investidor tem para suportar risco de grandes variações. Esse fator é muito importante, principalmente para investidores que operam alavancados.

Conclusão

Espero que o artigo de hoje tenha ajudado a esclarecer esses pontos que envolvem a tomada de risco. É importante lembrar que a maioria das questões aqui esclarecidas, se refere a auto conhecimento. 

Por fim, é importante para o investidor não apenas respeitar sua tolerância ao risco, como também seus limites financeiros, que são facilmente calculados. Muito cuidado com a alavancagem, ainda que você tenha um perfil altamente agressivo, pode não ter capacidade.

Em outras palavras, se sua tolerância a risco for menor que a sua capacidade em corrê-los, respeite a tolerância. Contudo, se a sua capacidade de correr riscos, for menor que a sua tolerância, respeite a sua capacidade.

Veja também: Como o desenvolvimento da Estônia a tornou um dos países mais ricos da Europa?

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