Série Unicórnios: Loft e a revolução do mercado imobiliário

Este é o primeiro texto da nossa série “Unicórnios”, coletânea que abordará a história das startups que alcançaram o valor de US$1 bilhão. Falaremos sobre seus fundadores, soluções, expansão e políticas internas. A Loft é destaque neste primeiro episódio. 

Loft

Depois de trazerem a tecnologia para o mundo das gráficas com a Printi, Florian Hagenbuch e Mate Pencz estão aplicando o mesmo princípio no mundo dos imóveis: atualizar um mercado enorme do país com tecnologia e menos burocracias. 

A Loft é uma empresa de compra, reforma e venda de apartamentos. E, em suas comunicações, afirma “A Loft existe para facilitar a vida de quem busca um novo lar.” Segundo dados da empresa, no Brasil, é comum uma demora de 18 meses para a venda de um apartamento. Com a plataforma da Loft, as vendas acontecem em 4 meses. 

A Loft é a startup que entrou mais rápido na lista de unicórnios no país, ou seja, passou a valer U$ 1 bilhão com 16 meses de operação. (Se quiser saber mais sobre unicórnios, clique aqui). Ela foi fundada em 2018, em São Paulo e, no início de 2020, recebeu aporte de U$ 175 milhões em uma rodada de investimentos, se tornando o 11º unicórnio do país. 

Diferente do histórico com a Printi, que foi vendida em 2017, em entrevista para a Infomoney, Florian afirma que com a Loft terá um relacionamento longo. Não pretende se desfazer da empresa e sim adquirir concorrentes e novas companhias para complementar a operação. 

“Dado que eu já fiz isso uma vez, não tenho mais curiosidade de fazer pela segunda vez (vender uma empresa). Eu tô super tranquilo em nunca mais vender a Loft. A curiosidade que eu tenho hoje é muito mais (sobre) como que seria ter um IPO, como que seria a gente comprar um concorrente.” – Hagenbuch.

E, como falado, a Loft já comunicou duas aquisições. A Spry, startup de pesquisa de mercado, em 2020 e a Decorati, empresa de reformas, com 51,5% das ações da empresa, em 2019. 

O core da empresa

“Através da tecnologia, reinventamos o processo de troca do imóvel residencial, criando uma experiência completa, fluida e agradável.” – site da Loft

Criada com o objetivo de ser uma empresa de compra e venda de imóveis, a Loft se atém ao seu objetivo inicial. Por meio da tecnologia e gestão, acelera o processo de venda/compra de apartamentos, reforma os espaços e gera uma relação de ganha-ganha. 

As duas aquisições citadas acima auxiliam diretamente neste objetivo. Uma, para aumentarem seu poder operacional de reformas. Durante a aquisição de 51,5% da Decorati, a Exame informou que o poder de obras simultâneas da empresa passou de 100 para 500. E a outra, a Spry, com o objetivo de aumentar o processamento de dados e adquirir informações sobre imóveis e clientes. 

Também em sua entrevista para o Infomoney, Hagenbuch afirma que a atividade principal da empresa sempre foi rentável, comprar e vender imóveis resulta em caixa. Talvez, por isso, a empresa tenha recebido aportes tão grandes, em um período tão curto de tempo. Uma empresa de tecnologia, abraçando um dos mercados mais relevantes do país, ainda preso no século passado, está fazendo a “uberização” do setor. 

Expansão da Loft

Segundo o Valor, neste ano, a Loft iniciou sua operação no México e pretende expandir nacionalmente para o Rio, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre. Na cidade de São Paulo, já está presente em nove bairros.

Até outubro do ano passado, a empresa acumulou faturamento de R$ 610 milhões, com meta de chegar nos R$ 2 bilhões até dezembro. Segundo a Exame, a Loft alcançou seu objetivo para o ano de 2020. 

Inovação além da compra e venda de imóveis

Nos últimos meses, a Loft também tem ficado em destaque na mídia por suas políticas internas de gestão de pessoas e sobre como está lidando com o coronavírus. 

A startup foi a primeira brasileira a equiparar o tempo de licença maternidade à de paternidade. Ou seja, todos os funcionários, independente da posição, têm direito à seis meses de licença remunerada depois do nascimento ou adoção de uma criança. Gabriela Cañas, Flora Oliveira e Renata Feijó, líderes de diferentes áreas dentro da empresa, têm um grupo que lidera as mudanças focadas em igualdade de gênero. 

Além da licença parental, a empresa realiza mentoria para mulheres, promovendo seu desenvolvimento no mercado de tecnologia, onde ainda são minoria. Também criaram o Loft Woman, momento em que mulheres são convidadas para compartilhar suas histórias e inspirar à todas e todos. 

Outra ação do grupo de líderes foi criar um plano de carreira e desenvolvimento todo o time. Assim, todos sabem as competências necessárias para promoções e aumentos dentro da empresa. 

Coronavírus e a Loft

Por enquanto, seis ações da startup foram destaque na mídia quando o assunto é o Coronavírus: 

  1. Os colaboradores da Loft estão em home office desde o dia 13 de março.
  2. A empresa criou um comitê de gestão de crise, que se reúne duas vezes por dia, para discutir os impactos e ações relacionadas ao coronavírus. Florian Hagenbuch divulga diariamente em suas redes sociais um relatório com dados da extensão do coronavírus no país e com as medidas que sua empresa está tomando frente à pandemia. 
  3. Criou um fundo de aproximadamente R$ 5 milhões para os trabalhadores da construção civil, auxiliando em suas rendas enquanto as obras estão paralisadas. O objetivo é realizar o pagamento de todos os 12 mil trabalhadores que estavam atuando nas obras da startup. 
  4. Implementou uma ferramenta de tour virtual, em que os compradores interessados podem visitar o apartamento à distância. 
  5. Montou um drive-thru na primeira semana de maio, para testar 300 dos seus 500 funcionários. 
  6. Tiveram a primeira escritura de um imóvel feita digitalmente no estado de São Paulo. A Corregedoria Geral de Justiça do Estado de São Paulo aprovou o procedimento, que foi realizado pelo Zoom.
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