A logística de entrega do varejo determinará quem está preparado

Historicamente, a logística de entrega das empresas de varejo atuantes no Brasil não é algo que podemos dizer ser confiáveis. Prazos de entrega exorbitantes, atrasos, produtos que sofreram algum problema são reclamações constantes por parte dos consumidores.

Além disso, sempre houve extrema dependência, por parte das empresas de varejo, na empresa estatal, os Correios.

Contudo, nos últimos anos, esse jogo vem mudando. Os consumidores estão mais exigentes quanto a agilidade e qualidade de entrega. Com isso, as empresas vêm apertando cada vez mais os dias para entregar determinado produto. Na verdade, a discussão, hoje, está sendo sobre a quantidade de horas para entregar um produto comprado.

Nesse sentido, nesse artigo, iremos falar sobre a “guerra” no varejo para realizar entregas cada vez mais rápida aos consumidores. Explicaremos quais estratégias vem sendo adotadas e quais empresas tem se destacado nesse quesito. Acompanhem a gente nesse artigo e veja quem tem se destacado nessa corrida!

Crescimento do ecommerce e sentimento do consumidor

O ecommerce tem crescido exponencialmente em nosso território nos últimos anos. Além disso, com a chegada da pandemia da Covid19, houve uma necessidade de melhorar ainda mais a logística de entrega.

O motivo é que, como as pessoas precisaram ficar mais reclusas em casa, estas passaram a comprar mais utilizando o ecommerce em vez de ir às lojas.

Com isso, embora o marketplace destes ecommerces já seja algo bem estabelecido há alguns anos, o gargalo sempre foi a entrega do produto para o cliente. As empresas entenderam que, quem entrega mais rápido, também ganha mais mercado e realiza mais vendas. 

Nesse sentido, a entrega virou um fator decisivo para a realização de uma compra. Segundo a Ernst Young, no mundo pós-pandêmico, 60% dos consumidores irão visitar lojas físicas com menos frequência. Eles também divulgaram que 43% farão compras online com maior frequência em produtos que compravam em loja.

Segundo o artigo publicado pela EY, consumidores confirmaram que a lentidão na entrega é a maior problemática em compras online. Complementando, um a cada cinco informaram que não voltariam a comprar com marcas que não cumprissem com prazos acordados.

A corrida pela entrega do varejo brasileiro

logistica

Com o impulsionamento na pandemia nas vendas pela internet, as empresas de varejo tiveram que investir em logística. Com isso, para obter rapidez, mudanças no modelo de negócios dessas empresas vêm sendo implementadas. Galpões vem sendo adquiridos, bem como tecnologias de logística que suportem a operação.

Segundo a imobiliário Colliers, 32% dos galpões alugados em 2020 tiveram relação com o crescimento do comércio online. Por exemplo, no primeiro trimestre deste ano, quem se destacou na aquisição de galpões foi a Magalu. A empresa adquiriu uma instalação de 21.500 metros quadrados em Jundiaí.

Nesse sentido, o que as empresas têm reportado é que, mesmo com tanto espaço para estocagem, os galpões têm ficado lotados. Isso tem impulsionado a criação de mais áreas para esta finalidade no país. Só no segundo trimestre deste ano, cerca de 771.720 metros quadrados foram contratados para realizar este trabalho de logística.

Além disso, algumas empresas do Varejo, que possuem lojas físicas, como Americanas, Magalu, e empresas da Via, tem as utilizado para pontos de entrega. Isso aumenta suas capacidades de estocagem e agiliza a entrega.

Veja também: Via Varejo faz alteração de nome para Via

Empresas que se destacam

É praticamente impossível falar de logística de entrega sem ter como referência o Mercado Livre. A plataforma possui cerca de 12 milhões de vendedores e faz 91% das entregas utilizando sua própria rede de logística. A construção dessa rede foi mais forte de dois anos para cá, onde aumentou sua frota logística.

Além disso, a empresa possui indicadores que impressionam. Em um dos centros de distribuição em Cajamar, 80% das encomendas chegam aos clientes em até 48 horas. Desse número, 70% precisam obrigatoriamente ser entregues antes de 24 horas.

Nesse sentido, a Magazine Luiza também se destacado. Hoje, 50% das entregas da varejista são feitas em até 24 horas. Inclusive, a empresa tem remodelado suas lojas para virar pequenos centros de distribuição. 

Além disso, a empresa também adquiriu, recentemente, a Netshoes, AiQFome e a Logbee. Esta última é a mais estratégica em relação a aumentar a agilidade na entrega. As outras duas estão relacionadas ao aumento do portfólio de entregas pelo comércio online da companhia.

Por último, a Americanas tem realizado um trabalho também interessante. Para o segundo semestre, a empresa anunciou que, em algumas cidades, o prazo de entrega é de 20 minutos.

A ideia é estender esse prazo para 100 cidades. Para conseguir cumprir com essa meta, a Americanas conta com 22 galpões distribuídos por 12 estados brasileiros. Além disso, possuem 1707 lojas físicas, além de 2000 lojas parceiras.

Veja também: Ataques ransonware e seus impactos nas empresas

Próximos desafios

Segundo especialistas, há uma maior concentração desta boa logística de entrega no Sudeste, principalmente no eixo Rio-São Paulo. Nesse sentido, já existem estudos de viabilidade para implementar esta solução no interior, sendo o próximo desafio diminuir o tempo de entrega para as regiões Norte e Nordeste.

Por exemplo, moradores tanto do Rio de Janeiro quanto São Paulo conseguem receber uma entrega no mesmo dia da compra. Contudo, moradores das regiões fora da região Sudeste podem levar até 15 dias para receber a mesma compra.

Com isso, algumas empresas já estão adotando uma postura mais proativa para atender essa demanda das outras regiões. O próprio Mercado Livre inaugurou um centro de distribuição na Bahia.

Além disso, adquiriu uma frota de aviões para acelerar a logística entre as regiões do Brasil. O efeito disso é que, hoje, consumidores de Manaus, já recebem compras em até dois dias.

Conclusão

A “guerra” pela logística de entrega está instaurada. As empresas que melhor conseguirem aplicar suas estratégias irão ganhar uma fatia importante de mercado nos próximos anos.

Como a agilidade na entrega é um fator de decisão na compra e, para o mundo pós-pandêmico, o número de pessoas que irão realizar compras online com maior frequência irá aumentar, as empresas não podem falhar com o compromisso de implementação das suas estratégias.

Nesse sentido, os consumidores estão cada vez mais existentes em relação ao cumprimento com o acordado no momento da compra. Com isso, acompanhar as estratégias de logística das empresas de varejo é de fundamental importância para investidores.

Principalmente aqueles que querem alocar dinheiro em ativos do varejo. O bom cumprimento destas estratégias certamente irá impactar nos resultados das empresas.

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