FED anuncia ajuda de US$ 2,3 trilhões para empresas e governos estaduais

O Federal Reserve anunciou na quinta-feira outra série de medidas abrangentes para fornecer até US$ 2,3 trilhões em ajuda adicional durante a pandemia de coronavírus, incluindo o início de programas para ajudar pequenas e médias empresas, bem como governos estaduais e municipais dos EUA.

Em um movimento sem precedentes, o FED também disse na quinta-feira que iria apoiar algumas das partes mais afetadas dos mercados financeiros, comprometendo-se a começar a comprar dívidas classificadas como “Títulos Podres” bem como certas obrigações de empréstimos garantidos e títulos lastreados em hipotecas comerciais.

“A maior prioridade de nosso país deve ser lidar com essa crise de saúde pública”, afirmou o presidente do FED, Jerome Powell, em comunicado. “O papel do Fed é proporcionar o máximo de alívio e estabilidade possível durante este período de atividade econômica restrita, e nossas ações hoje ajudarão a garantir que a eventual recuperação seja o mais vigorosa possível”.

O Fed implantou quase tudo disponível em sua caixa de ferramentas desde março para tentar ajudar a manter os empréstimos fluindo na economia – à medida que as empresas fechavam suas portas para conter a propagação do vírus. 

São programas lançados usados ​​na crise financeira de 2008/2009 para melhorar a liquidez nos mercados de tesouraria e crédito durante tempos de crise, com o intuito de apoiar empresas, estados e governos locais americanos.

As ações dos EUA subiram no início do pregão em Nova York, quando alguns investidores passaram por uma terceira semana consecutiva de números terríveis de desemprego e se concentraram no apoio adicional do FED à economia. A promessa surpresa do FED de comprar títulos corporativos rebaixados recentemente também impulsionou alguns dos maiores ETFs que rastreiam os títulos.

Principais destaques

  • Um mecanismo de liquidez municipal oferecerá até US$ 500 bilhões em empréstimos a estados e municípios, adquirindo diretamente essa quantidade de títulos de curto prazo de estados, além de grandes condados e cidades;
  • O Main Street Lending Program “garantirá fluxos de crédito para pequenas e médias empresas com a compra de até US$ 600 bilhões em empréstimos”;
  • Expansão do tamanho e do escopo das linhas de crédito corporativo do mercado primário e secundário e do mecanismo de empréstimo a prazo com títulos garantidos por ativos para suportar até US$ 850 bilhões em crédito.

O Fed divulgou detalhes do aguardado mecanismo de empréstimos da Main Street, que fornecerá financiamento para empresas muito maiores do que aquelas que ainda podem receber ajuda. Os mutuários qualificados podem ter até 10.000 funcionários ou até US$ 2,5 bilhões em receita anual. Os tamanhos dos empréstimos variam de US$ 1 milhão a US$ 150 milhões.

Os mutuários estarão sujeitos a restrições impostas pelo Congresso na Lei CARES sobre retenção de funcionários, distribuição de dividendos e outros fatores. O programa receberá US$ 75 bilhões do Tesouro para absorver perdas. 

O FED também disse que continuará monitorando de perto as condições nos mercados primário e secundário de títulos municipais e avaliará se são necessárias medidas adicionais para apoiar o fluxo de crédito e liquidez para os governos estaduais e locais.

“O FED já fez praticamente tudo o que achamos que deveria estar fazendo e achamos que pode fazer”, disse Michael Gapen, economista-chefe dos EUA no Barclays Capital em Nova York.

Gapen disse que a natureza sem precedentes de algumas das etapas mostra que o Fed está estendendo seus poderes de empréstimos emergenciais para a economia onde é mais necessário, entre empresas, famílias e estados. Dito isto, a compra direta de dívida municipal pode colocar o FED em uma posição política desconfortável, disse ele.

“Isso abre o FED às críticas políticas por escolher vencedores e perdedores”, disse ele. “Eles declararam muitas vezes que preferem não fazer isso, e agora estão fazendo isso.”

Por que essa notícia importa?

Ela mostra que os Bancos Centrais ao redor do mundo, incluindo o brasileiro, vão utilizar todas as ferramentas disponíveis para evitar uma grave depressão econômica, embora os números estejam sugerindo uma grave recessão para a economia global. Os Bancos Centrais reagem a isso injetando liquidez na economia.

No Brasil, o mercado de ações vem reagindo bem desde o anúncio de resgates tanto por parte do FED quanto por parte do governo brasileiro. O Ibovespa já vem no seu 4º dia de alta seguido. Atualmente o índice da bolsa brasileira está nos 79 mil pontos, puxando uma recuperação de 25% desde quando bateu os 63 mil pontos.

mercado reage bem a ajuda do fed
Ibovespa. Fonte: TradingView

O dólar vem de baixa de 1% e está cotado a R$ 5,07, contudo, ainda está em alta de mais de 20% só no ano de 2020. A moeda norte-americana chegou a estar cotada no valor máximo de US$ 5,34. 

Traduzido de Bloomberg

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