Ata do Copom: O pior já passou na economia do Brasil?

A ata do Copom, que é o Comitê de Política Monetária que pertence ao Banco Central, é uma fonte de informação muito utilizada por gestores, analistas e também investidores que querem associar o pensamento do e o que ele pensa, com as perspectivas a respeito da economia e a política monetária colocada no Brasil.

Alguns fatores importantes colocados na ata do Copom, podem nos indicar uma posição pendendo um pouco mais para o lado “hawkish”, ou seja, uma política monetária mais propensa a continuar trabalhando com juros mais altos.

O comportamento do Copom perante a política de juros adotada daqui para a frente é indicada nesta ata, que dá a entender que os juros devem acompanhar a perspectiva do que se tem a respeito da inflação, que também está em uma tendência de alta acelerada.

A ata do Copom trouxe expectativas novas ao mercado, que são representadas no relatório Focus nesta semana, que no que lhe concerne, apontaram uma expectativa de que a Selic possa chegar ao patamar dos 5%, número que se coloca até o término do ano de 2021.

Veja também: As consequências da alta dos juros no mundo

O fato é que essa perspectiva de aumento da inflação para o ano de 2021 aumenta a dificuldade de que o Brasil tenha uma convergência da inflação de 2022 em direção à sua meta.

O fator que mais influenciou no aumento da expectativa de crescimento da Selic aconteceu conforme as estimativas da inflação no mesmo período. A projeção do mercado do Focus para a inflação até o final do ano de 2021 já aumentou 11 semanas consecutivas.

Desta vez, a expectativa é que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegue a 4,71% em 2021. No levantamento anterior esse número era de 4,60%. Há cerca de 1 mês era de 3,82%. Após a inflação de 4,52% que terminou 2020, a estimativa colocada era de 3,32%, 1,41 ponto percentual abaixo do que se prevê agora.

O pior já passou na economia do Brasil?

Em meio aos fatos trazidos pela ata do Copom, o mercado acabou tendo uma maior tranquilidade em relação a precificação maior de juros daqui para a frente, ao passo que a sensação que fica é que, embora as dificuldades ainda sejam grandes, o pior parece ter passado na economia brasileira.

O próprio Copom enxerga uma perspectiva de que a crise econômica no Brasil não deve ser tão profunda em 2021 como foi no ano de 2020. No último ano a queda de do PIB foi de 4,1%, embora um resultado ainda pior foi mascarado pelo auxílio emergencial, visto que sem o benefício, essa queda seria de mais de 8%.

Além disso, o ano de 2021 é marcado pela “normalização” do contexto de pandemia, fazendo com que muitas empresas consigam trabalhar melhor mesmo em tempos como esse, comparado a surpresa e o despreparo que as companhias passavam em 2020 frente a esse problema.

Apesar disso, dizer que “o pior já passou” não necessariamente significa uma forte retomada. O fato é que os preços de produtos continuam se inflando no Brasil aceleradamente, o que impacta todos os setores que estão diretamente ou não sendo afetados por isso.

Isso acaba desfavorecendo principalmente a classe mais baixa, categoria que contempla no Brasil ainda milhões de pessoas e que gera um grande descompasso em relação ao consumo visto nos últimos anos.

Veja também: Com alta da inflação, mercado prevê Selic em 5% até o final de 2021

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