Dólar acelera movimento de alta e fecha em R$ 5,42, acumulando 35% de alta em 2020

Por Reuters

O dólar fechou em firme alta ante o real nesta sexta-feira(14/ago), amparado pela demanda de investidores por proteção antes do fim de semana, conforme o mercado adota cautela com o noticiário fiscal. O dólar terminou a sexta em alta de 1,12%, a R$ 5,42 reais na venda. 

Com os ganhos do dia, o dólar acabou subindo 0,27% na semana, revertendo queda acumulada até quinta-feira. A moeda sobe 4,00% em agosto e 35,25% em 2020, o que faz do Real a moeda de pior desempenho do ano e a de terceira maior queda no mês – melhor apenas que peso chileno e lira turca.

A gangorra no mercado cambial persistiu, com a moeda brasileira voltando a ocupar o posto de pior desempenho na sessão entre as principais divisas. Como pano de fundo, há um “mal-estar forte” com o Brasil, sobretudo por causa das discussões no campo fiscal.

A incerteza no âmbito das contas públicas foi o tema da semana, que contou com elevação de tom da parte do ministro da Economia, Paulo Guedes, depois da saída, na terça, de dois dos mais importantes secretários da pasta. A tensão chegou a tal ponto que forçou o presidente Jair Bolsonaro e os chefes das casas legislativas a afinar o discurso em defesa do teto de gastos e do equilíbrio fiscal em fala à imprensa na quarta-feira (12).

Mas, na quinta, Bolsonaro admitiu discussões internas no governo sobre furar o teto de gastos públicos e ainda fez críticas ao mercado financeiro, do qual cobrou “patriotismo”.

Pesquisa da XP Investimentos mostrou nesta sexta-feira que a maioria dos investidores institucionais consultados vê alguma forma de ajuste no teto de gastos para permitir despesas adicionais em 2021. De acordo com a sondagem, o dólar poderia ir a R$ 6,50  em caso de ausência desse mecanismo.

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“A fala de ontem (de Bolsonaro) pode ter causado algum ruído hoje, mas é preciso entender o contexto. Ele reconheceu as pressões, e isso já se sabia”, disse Daniel Tatsumi, gestor de moedas da ACE Capital.

“Fundamentalmente, porém, a lentidão do crescimento estrutural do Brasil e a falta de juros altos jogam contra o real no médio prazo”, ponderou.

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, avaliou nesta sexta-feira que é um fato que o diferencial de juros mais baixo leva a um nível mais alto de câmbio, mas pontuou que não é tão simples fazer essa ligação para explicar a volatilidade cambial.

Juros longos em alta

A taxa de juros brasileira de longo prazo (DI 2035), que captura parte da concepção de risco do mercado, também voltou a subir após passar por consecutivas quedas desde o auge dos efeitos da pandemia no mercado financeiro.

Taxa de juros no Brasil

juros 2020

Desde 2016, com o auge da recessão brasileira, o governo federal vem seguindo uma política de corte de gastos e respeito do teto de gastos imposto através de uma PEC à época. Isso ajudou a diminuir o risco-Brasil e também a controlar a taxa de câmbio, assim como juros.

A situação fiscal do Brasil estava melhorando antes da pandemia, com o endividamento em % do PIB caindo trimestre após trimestre. Contudo, os efeitos causados pelo Coronavírus terão um custo econômico muito forte, por conta das políticas de incentivo para evitar uma retração ainda maior na economia.

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