O crime compensa? Entenda a matemática por trás do crime

Ao investir, estamos buscando ganhos e assumindo riscos, não é nenhum crime ser arrojado quando o assunto é investimentos. Nesse sentido, cada perfil de investidor segue sua tolerância. Contudo, é inegável que o investidor em geral, está sempre buscando uma assimetria positiva e interessante.

Os jogos de loteria são bons exemplos disso, ainda que os mesmos possuam uma chance muito baixa de se tornarem reais. A medida que seus bilhetes de baixo custo, oferecem oportunidades de ganhos explosivos, estes se tornam mais interessantes, mesmo para os mais céticos em relação às probabilidades de ganho.

Em outras palavras, ainda que as probabilidades de ganho não se alterem, quando o prêmio é muito grande, as pessoas tendem a tentar a sorte. Dessa forma, avaliando as possibilidades de se cometer crimes do ponto de vista matemático, será que o retorno em relação ao risco é interessante ou não?

É claro que para um grupo de pessoas de boa índole, essa pergunta não faz o menor sentido. Contudo, a proposta do artigo de hoje é avaliar se do ponto de vista matemático, para aqueles que pensam dessa forma, a vida do crime pode ser atrativa.

Probabilidade e assimetria de riscos envolvendo crime

Do ponto de vista de assimetria de riscos, essa equação depende basicamente de dois fatores: a chance do bandido ser pego e o tamanho da punição que o mesmo receberá pelo crime cometido.

Nesse sentido, podemos pensar uma eventual captura e consequente punição como a chance de ser sorteado. Daí o que equilibra essa nossa equação, seria justamente a magnitude da punição a ser considerada para com o criminoso.

Em outras palavras, se a punição for “leve”, a assimetria de riscos para o criminoso se torna positiva e a conclusão matemática seria “O crime de fato, compensa”.

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A teoria da economia do crime: Gary Becker

Afinal, o crime compensa? Entenda a matemática por trás do crime
Afinal, o crime compensa? Entenda a matemática por trás do crime

Nessa mesma linha de pensamento, Gary Becker propôs um estudo envolvendo crime e punição sob o ponto de vista de uma abordagem econômica. Em 1968, seu artigo fora publicado: “Crime and Punishment: An Economic Approach”.

Dessa forma, sua ideia central se concentrava na decisão do indivíduo em relação a cometer crimes ou não, considerando o custo de exercer tal prática (o crime em si) e o retorno esperado (os benefícios), podemos chamar assim também de expectativas de lucro.

Com isso, Becker explicou tal comportamento sob a ótima racional do indivíduo, desconsiderando questões envolvendo a “índole”. Trazendo como proposta central, esse estudo por meio do conceito de maximização da utilidade esperada.

Ainda segundo seu modelo matemático, Becker conclui que uma pessoa comete um crime se sua utilidade esperada de cometer o ato criminoso for superior a de ocupar seu tempo com outras atividades. Com essa conclusão, Becker trouxe consigo uma função para descrever a oferta de crimes em um local.

Em suma, essa função basicamente relaciona o crime cometido pela probabilidade do criminoso em ser condenado.

O autor representa essa função da seguinte maneira:

0j=0j (pj , fj ,uj) Onde:

0j número de crimes a ser cometido por um criminoso;
pj é a probabilidade do criminoso ser condenado;
fj é a magnitude da punição;
uj é um termo genérico que representa a influência de outras variáveis nos prováveis crimes a serem cometidos.

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Teoria do Comportamento Planejado (TCP)

Essa teoria busca compreender e estudar os comportamentos humanos a partir de suas intenções. Nesse sentido, o procedimento ao decidir sobre atitudes que envolvem atos ilegais se encaixa em circunstâncias de linhas contábeis, afinal certas decisões podem ser tomadas para adquirir vantagem pessoal, inclusive quando o resultado é de caráter criminoso contábil e econômico.

Por esse ângulo, a TCP procura entender e descrever as condutas humanas com base em ações, raciocinando o comportamento que antecede ao feito. Dessa maneira, comprovar o grau de impulso que uma pessoa tem para efetuar e decidir entre opções distintas em diversos acontecimentos.

Em uma conjuntura fraudulenta, a tese serve para explicar pela perspectiva do possível tratante causas que foram capazes de motivar seus vereditos.

Motivos para escolher uma sentença

Na teoria há três origens relevantes que esclarecem as escolhas de uma sentença anteriormente a sua ação: atitudes, normas subjetivas e a percepção de controle, essas atitudes retratam as concepções individuais de um cidadão, que a partir disso pode entender de maneira positiva ou negativa a conduta que está em vestígio.

As normas subjetivas têm relevância no entendimento do sujeito mediante a tensão coletiva para efetuar ou não uma específica atitude. Dessa forma, a percepção do controle equivale aos desafios ou oportunidades para cumprir um procedimento.

É importante destacar que os valores atuam com grande relevância na Teoria, visto que, ao medir tais valores, é viável avaliar porque os seres humanos manifestam divergentes atitudes, normas abstratas e controles comportamentais observados.

Basicamente, os aspectos citados não definem os hábitos, apenas o propósito de executar a façanha. Sendo utilizado como condutores para que uma pessoa aja ou não de forma criminosa.

Conclusão

Como vimos, em termos matemáticos o crime parece de fato “compensar”. Contudo, essa não é uma forma interessante de se avaliar esse tipo de decisão e também é uma conclusão um pouco precipitada que leva em conta a ineficiência do nosso sistema jurídico e policial.

Em outras palavras, se a impunidade não fosse uma realidade e a magnitude da punição fosse severa, seria menos provável pensar do ponto de vista puramente matemático que uma eventual entrada para o mundo do crime seria interessante.

Contudo, ainda bem caro leitor, temos algo chamado “índole” que está relacionado a educação desenvolvida por um grupo, portanto, a maioria das pessoas se quer cogita tomar essa decisão, independente da tal assimetria positiva.

Por fim, fica como reflexão a provocação que envolve o suposto benefício relacionado as prováveis expectativas de ganho e a quase certeza da impunidade. Parece mesmo que a matemática por trás do crime confirma: “Ele compensa”.

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